Tirar apontamentos, observar a realidade com os olhos e reproduzi-la com uma linha. Praticar constantemente essa ginástica, percorrer cada canto de um objecto, para depois o desenhar, com má memória. Exagerá-lo, deforma-lo para desta forma encontrar o seu autêntico carácter. Sintetizar uma ideia e dar a tua visão personalizada. Captar a essência de um filme, de uma empresa ou de um texto, e expressá-lo com formas e cores. Ilustrar é comunicar desenhando.

Há um momento na vida em que nos temos de decidir entre ciências ou letras. Um disparate, claro. Para aprender ciência é preciso ler muitas, muitas letras. Para aprender letras, e já não falamos em desenhá-las, é preciso muita ciência. A diferença é que para uns um A é um A e para outros um A é um mundo.

No princípio, princípio, princípio, o primeiro foi o grito e depois, as frases soltas e mais tarde as histórias, as novelas e telenovelas. De acordo. Mas e as letras? Existiam já nos primeiros grafismos? Soavam a consoantes? É difícil sabê-lo, mas o que está claro é que as letras são o genoma da frase, ou do parágrafo. Hoje em dia, as letras já estão livres e podem-se juntar como quiserem. E colocar e retirar acentos. Elas reivindicam a sua parte gráfica e, às vezes, pretendem esquecer-se da sua parte semântica, tão substancial. Assim é.